DECLARAÇÃO À NAÇÃO

"Jormalismo", música, artes em geral, crítica cotidiana, política, esportes, talvez nessa ordem de prioridades. Algo sintético, breve, objetivo, mas sem restrições. Sejam bem-vindos, e aproveitem para comunicar-se livremente.

Mais do mesmo assunto no primeiro post deste blog

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MELHORES SHOWS DO ANO 2012

Com esta postagem, iniciamos a nossa retrospectiva com os momentos artísticos mais marcantes deste ano de 2012 que acabou de terminar. Além dos melhores shows a serem destacados nesta postagem, o blog também irá destacar os melhores discos nacionais e internacionais (em categorias separadas) e os melhores filmes visto pelo SINTÉXTICO no ano que passou, numa abordagem semelhante à feita em anos passados, com alguma diferença.

Destaco em relação aos shows a profusão de grandes espetáculos e festivais estrangeiros que aportaram em São Paulo no ano que passou, para todos os gostos, desde o mais alternativo até o mais grandioso. A cidade foi realmente bastante visada pelos promotores tanto de entidades e prédios culturais como o SESC e o Auditório Ibirapuera, quanto casas de shows como Cine Jóia e HSBC Brasil, além também dos estádios (Morumbi e Canindé receberam vários concertos). Também é de se destacar a consolidação da montagem de óperas por companhias estrangeiras no Teatro Municipal, ainda que em ritmo menor neste último ano em relação ao ano passado quando de sua reinauguração.

Algumas lamentações ficam a respeito de locais que estão fechando as portas ou mudando de ramo, como o Via Funchal, e também os vários cancelamentos de shows que aconteceram pelos mais variados motivos. Björk precisou ficar de cama por um mês justo quando viria a SP com seu show "Biophilia"; Fiona Apple traria seu aclamado disco "The Idler Wheel..." mas uma semana antes sua cadela ficou muito doente e ela não quis viajar; Norah Jones perdeu seu pai Ravi Shankar também uma semana antes de show na cidade e cancelou todos os compromissos no país.

Dito isso, vamos tratar agora dos grandes acontecimentos de 2012:


5° CRIOLO - FUNARTE - 25/FEVEREIRO - O show começou tenso. Fãs que se sentiram enganados pela forma de distribuição de ingressos por parte da Funarte, por ela ter sido feita 4 horas antes do previamente divulgado, tentaram forçar entrada no teatro (que estava com apenas metade de sua capacidade ocupada) após o início do show. Após muita negociação, foi permitida entrada de todos quando se iniciava a 3ª canção, justamente "Não Existe Amor em SP", o melhor retrato dos tempos atuais em relação à exclusão e à falta de solidariedade que esta cidade transparece aos seus habitantes (ou seja, uns para com os outros). A lotação foi então para muito além da capacidade. Foi quando Criolo intercedeu pedindo "Respeitem o lugar, galera, sem depredar, porquê agora é tudo nosso", como que lembrando a todos (inclusive aos dirigentes da fundação) do caráter público da instituição, que deveria servir ao interesse deste público e nada mais. Daí pra frente a simbiose com o público e a catarse eram completas. Cada canção era quase gritada ao microfone ao invés de cantada, numa afirmação ainda mais contundente do que se cantava em "Lion Man", "Bogotá" e no bis com "Cerol", de seu primeiro disco. Respeito é isso.


4° RODRIGO CAMPOS e BENJAMIN TAUBKIN - CASA DO NÚCLEO - 22/NOVEMBRO - O show e o ambiente em que foi realizado transpareciam uma sensação de acolhimento, mais que de exclusividade, não pelo fato de terem sido 30 as testemunhas deste momento, mas por toda a leveza e simplicidade com que as músicas do ótimo disco "Bahia Fantástica", especialmente "Capitão", "General Geral" e "Ribeirão", foram retrabalhadas no piano de Benjamin Taubkin, mantenedor da Casa do Núcleo. Este parece ser o modus operandi do local: mais do que se sentir à parte da cidade dentro de um "núcleo intelectualizado", ali é um lugar onde a música está para ser compartilhada com quem possa vir apenas pelo prazer de senti-la e apreciá-la em conjunto.


3º AYNUR DOGAN - SESC POMPÉIA - FESTIVAL ISTAMBUL AGORA - 19/ABRIL - Muito antes de Glória Perez vir como um rolo compressor com sua visão (deturpada) da Turquia, o país já se tornara um destino turístico crescente e  "exótico" dentro do mercado brasileiro de turismo. Mas muitos dos que vão para lá tem apenas estas referências de massa como guia. Numa tentativa de mudar isso, o SESC organizou uma grande mostra da música que se produz hoje na Turquia e que é celebrada nessa grande metrópole que é Istambul. Turquia de nomes conectados à música do ocidente, como a jovem cantora Yasemin Mori e o grupo 123, que até fez uma cover de uma canção de Thom Yorke elogiada pelo próprio, e também de artistas ligados ás raízes da região, como Aynur Dogan, cantora de origem curda que sempre manifestou-se a respeito do "povo sem pátria" do qual faz parte. Sua performance mostra ao mesmo tempo uma grande lamentação e força transcendente que remete o ouvinte a uma zona de desconforto e admiração pela luz que ela nos traz. Que possa seguir nessa batalha inglória mostrando sua arte de forma plena.


2º KRAFTWERK - ANHEMBI - SÓNAR FESTIVAL - 11/MAIO - O festival de origem européia Sónar, baseado em Barcelona e com várias filiais no mundo, finalmente aportou por aqui e aparentemente vai ficar um bom tempo, graças à sede por música alternativa e experimental demonstrada pelo público paulistano. Com um pouco de quase tudo que é tendência musical e alguns shows magistrais (Justice, Ryuichi Sakamoto & Alva Noto, Mogwai, Squarepusher) e outros nem tanto (Chromeo, Cee-Lo Green, James Blake), o ápice se deu no primeiro dos dois dias com o Kraftwerk, com um inédito show em 3D que apenas reafirmou sua fundamental importância para o surgimento e transformação de várias destas tendências presentes no festival.


1º MORRISSEY - ESPAÇO DAS AMÉRICAS - 11/MARÇO - Ok, sejamos sinceros: o roteiro foi muito ensaiado e sem novidades; o local continua uma porcaria, mesmo tendo sido REINAUGURADO naquele dia depois de uma reforma interminável para se adequar ás mais mínimas exigências de acústica dentro e fora do espaço, sem muito sucesso; o show foi um reencontro com um ícone musical dos anos 80 que ainda não havia tido oportunidade de mostrar de forma completa por aqui sua farta e importante produção pós-mitificação em sua carreira como artista solo (o show de 2000 foi como um "ensaio aberto", não tão bem acabado), junto a canções dos Smiths apresentadas com arranjos próximos aos originais ("próximos" porquê ali não havia nenhum Johnny Marr). Mas não havia como reclamar da maneira como os fãs também se entregaram às músicas desse ícone, como "Everyday is Like Sunday", "Alma Matters" e "First of the Gang to Die". Queria que todo dia fosse divertido como aquele domingo.

Por ora, me despeço, mas logo mais vem as outras listas do ano passado. Boa semana iluminada para todos.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS 2012/2013

Depois do último post só sobre os lançamentos brasileiros, voltemos nossos olhos para o mercado gringo, não sem um parêntese: vieram me falar informalmente da falta de menção ao disco novo da Orquestra Imperial, "Fazendo as Pazes com o Swing", disponível para download no link ao lado, no último post dos lançamentos de dezembro, tanto que houve até um show recente deles no Carnegie Hall em New York lotado e muito animado ao que parece (este link só vai ver quem tem conta no Facebook, ou seja, quase todo mundo hoje no Brasil). Só que o disco foi lançado em novembro...

É por enganos como esse que se faz necessário botar os pingos nos "i"s e  colocar a todos em sintonia com o espaço-tempo que vivemos. Mas, aproveito para dizer que o disco é muito bom e seguro em sua proposta, enriquecida com a participação de Nelson Jacobina, que inclusive ilustra a capa do disco, em sua última empreitada antes de sua morte (sim, ele morreu, nem parece, né? é bom quando a celebração das coisas que uma pessoa fez em mim é tamanha que ofusca o fato de que ela não está mais entre nós). E assim passamos ao próximo capítulo.


EL PERRO DEL MAR - Pale Fire: A carreira desta sueca com nome artístico em espanhol poderia ser colocada em paralelo ao de outras cantoras suecas, como Lykke Li, Ane Brun, Robyn (tá bom, aqui eu exagerei), alternando momentos de grande suavidade e erudição com outros de forte inclinação ao pop deslavado... aliás, acho que a Suécia tem uma tradição de cantoras até maior que o Brasil... é quase uma produção em série!
Após um álbum mais saidinho chamado "Love is Not Pop", ela se viu no meio de nuvens negras que anunciaram um período de trovoadas e busca por abrigos confortáveis e seguros. Ok, isso parece cliché, mas foi exatamente o que aconteceu. "Pale Fire" é exatamente aquilo que se esperaria de um álbum com esse nome e esta capa: cheio de momentos de respiração (e silêncios) e canções mais "pálidas", ainda que boas de se ouvir. Um pouco dos experimentos eletrônicos pregressos ainda persiste, mas não tente ouvir este disco perto de um motor de ônibus, ou andando na calçada de uma grande avenida. Ainda assim ele vale a sua audição mais cuidadosa.

Outros acontecimentos interessantes são o fim da trilogia pop-punk do Green Day, com o lançamento de "Tré!" (ufa!!), e um novo experimento do ex-ícone pop, agora bardo pós-moderno, Scott Walker que em seu "Bish Bosch" (surpresa!!) traz mais canções propriamente ditas do que seus últimos álbuns, com estruturas mais definidas, ainda que o estranhamento persista. Ah, também tem um monte de lançamentos de discos de hip-hop (ou o que sobrou dele) e do Bruno Mars, que faz muitas meninas enlouquecerem, como Tata Werneck, a humorista mal-humorada da MTV (por ela dou graças que não vai ter mais o "Comédia")

Só que o post não termina aqui, não! Pois "lançamento" hoje em dia não é só aquele álbum que alcança a prateleira da loja alternativa da sua galeria favorita ou da megastore que você adora esnobar mas onde sempre dá uma passadinha. Não, não... lançamento hoje também pode ser o disco que a banda PENSOU em lançar em uma data, mas que vaza na internet com antecedência proporcional à expectativa por ele gerada em seu público.

Por isso álbuns que estavam com "lançamento" previsto para 2013 já estão nos seus melhores provedores piratas ou de torrents! (Vocês já sabem quais são, não é?... Não? Não se preocupe, beócio, você vai ver vários deles nos links deste local). Um deles é o 17° álbum do Yo La Tengo, banda americana que era super prolífica, mas que agora está apenas no seu 2° álbum completo em um intervalo de 6 anos. A fonte da criatividade secou? Só vai saber quem ouvir o disco "Fade", previsto para o fim de janeiro, mas já vazado. Também tem o álbum de um dos "darlings" do electro rock modernoso, Toro Y Moi. "Anything in Return" estava previsto para sair em fevereiro, mas já esta aí para quem quiser ouvir.


Mas o campeão no quesito expectativa gerada + "vazamento antecipado" + resultado acima da média é certamente o LOW, com seu álbum "The Invisible Way". Seu lançamento estava previsto apenas para o fim de março de 2013, contudo exatos 3 meses antes o álbum já estava disponível, causando certo alvoroço e grande surpresa, já que muita gente interessada na banda ainda nem sabe que ele já está dando sopa por aí.

Mas a expectativa era realmente muita, considerando as informações prévias: o disco foi produzido por Jeff Tweedy (líder do Wilco), gravado no mesmo estúdio da banda em Chicago, novo e moderno, e com o mesmo engenheiro de som dos primeiros álbuns do agora secular grupo, que está completando 20 anos de estrada, mesmo sobrevivendo apenas no circuito underground. Ajudou muito na sobrevida do grupo não apenas assinar com um selo tradicional no cenário, a SubPop Records, de Seattle (gravadora "berço" do grunge), mas o fato da internet ter feito seu som esparso, atmosférico e hipnotizante (rotulado de "slowcore") chegar a todos os cantos possíveis. E é a internet que agora oferece o disco de forma tão antecipada.

Arrisco dizer aqui que este é um álbum que pode decepcionar a muitos, pois ele vai na contramão da expectativa destes, que com a junção do Low com o Wilco imaginavam certamente um som expansivo, guitarreiro, cheios de raiva e canções rasgadas de amor (e dor). Mas não é isso o que ocorre. A introdução aqui já diz o que vai haver musicalmente em todo o disco: um violão acústico, um piano em primeiro plano (novidade na banda, diz-se que ele foi tocado por Ben Gibbard, da banda Death Cab for Cutie, que já tocou o instrumento com o Low em sua recente turnê, documentada no disco recém-lançado "Low Plays Nice Places") e canções de construção simples, baseadas geralmente em 2 movimentos e 1 refrão. É o disco mais folk deles em muito tempo, mas também um dos mais estranhos, crus e diretos.

Se em "Plastic Cup" ainda vemos um pouco do humor sarcástico de Alan Sparhawk, quase metade do disco é cantado por Mimi Parker, o que confere maior leveza ao álbum. E ao mesmo tempo em que a crueza na interpretação é realçada em músicas como "Amethyst" e "Clarence White" (bela homenagem ao guitarrista do Byrds), pela primeira vez vemos em suas músicas manifestações mais explícitas de suas convicções religiosas, como em "Holy Ghost" e "Mother", o que não tira delas sua beleza. O disco então vai nesse ritmo que para alguns pode parecer repetitivo, modorrento, mas significa apenas uma busca por uma leveza descompromissada, sem necessidade de atingir picos de emoção para se manifestar grandiosa. Certamente é um disco que vai levar tempo para ser compreendido. Talvez por isso o vazamento tenha sido feito tanto tempo antes do "lançamento".






terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O QUE ESTÁ EM JOGO NA BRIGA TIGRE VS. SÃO PAULO CONTRA CONMEBOL

Hoje, muitos estão pelas ruas comemorando o título mundial do Corinthians, aliás merecido. Enquanto isso, vários outros personagens do futebol sul-americano se engalfinham em uma batalha inglória. Tudo começou na final da Copa Sul-Americana entre o São Paulo e o Tigre, pequeno time de bairro da cidade de Victoria, província de Tigre, nos arredores de Buenos Aires, que pela primeira vez em sua história de mais de 100 anos chegava a uma final internacional (N.E.: isso lembra um time paulista que conheço... mas deixa pra lá).

No campo, mesmo com o placar marcando "somente" 2x0 após o fim do 1° tempo da segunda partida, era nítida a superioridade do São Paulo sobre o combativo e muitas vezes violento time argentino, que parecia jogar como os "hermanos" faziam até a década de 90, indo além da "catimba", que seria uma malandragem disfarçada, para se comportarem de forma explicitamente intimidatória.


Contudo, incidentes no intervalo desta segunda partida fizeram com que o time argentino decidisse não retornar para o segundo tempo. O que aconteceu? O time argentino diz que foi agredido por policiais e seguranças armados no vestiário e que isso abalou a todos de tal modo seguir jogando seria impossível. O São Paulo diz que seus seguranças apenas contiveram jogadores que queriam entrar em um corredor que acabava no vestiário do time brasileiro. Mesmo que nenhum dos lados tenha feito muito para serem considerados dignos de total idoneidade, visto que já haviam trocado farpas em outras ocasiões durante a decisão, este é um episódio que ainda terá vários desdobramentos.

Um destes desdobramentos tem a ver com as sanções que podem ser aplicadas, desde interdição do estádio para competições sul-americanas até suspensão do clube por um determinado período. Tudo porquê ainda será apurada a responsabilidade pelo incidente. O problema é que o histórico de punições da CONMEBOL não é animador. Mesmo já tendo finais interrompidas após incidentes (Santos 2 x Peñarol 3, pela Libertadores de 1962), a única ação efetiva da entidade foi uma punição ao Corinthians graças a uma briga generalizada de sua torcida contra a polícia após a eliminação do clube da Libertadores de 2006.

Sobre as responsabilidades no ocorrido, cada um pode tomar partido de quem quiser. Mas a questão é pensar no que se perderia ao se punir um ou outro lado, pois esta não é uma atitude em que apenas a justiça está em jogo, mas a política da entidade CONMEBOL também está em xeque aqui. A esta altura, não há evidências fortes de que o São Paulo tenha "provocado" a confusão, portanto será difícil que ela puna o São Paulo com a perda do título, visto que a diferença técnica era muito grande, ou expulsão da próxima Libertadores, mas ainda é possível que o clube perca o mando de campo para as competições da entidade.


O corda para o Tigre está mais apertada. O histórico recente mostra que eles estavam muito mais propensos a um enfrentamento do que o time do São Paulo, o que faz sua tese de que o clube preparou uma "emboscada" para eles no vestiário ficar muito frágil. Mesmo as imagens feitas por um dos jogadores não revelam nada. O problema para o Tigre é que se vier à tona que a confusão toda foi provocada por eles, isso legitimaria a punição que a entidade já prevê para o caso de WO, que foi o que ocorreu no segundo tempo: 3 anos fora de competições internacionais, para um clube que também está classificado à próxima Libertadores.

Mas por quê o Tigre tem vaga, se ficou em posição intermediária na contagem agregada de pontos do Campeonato Argentino? Aí entra um outro elemento na estória: Julio Grondona, presidente "ad eternum" da Federação de Futebol da Argentina. Ele é um hábil articulador político, visto que está no poder desde 1979. Ele, como grande aliado da atual presidente argentina Cristina Kirchner, apoiou todas as suas iniciativas para "democratizar" o futebol argentino, através do projeto "Fútbol para Todos". Com isso, redistribuiu as cotas de televisão entre os clubes e bateu o martelo para que o próprio governo se apropriasse das transmissões através de seu canal público.

Outra marca desta cooperação mútua foi a iniciativa de recriar a Copa Argentina, que assim como a Copa do Brasil passou a classificar também à Copa Libertadores (mas só a partir do ano que vem; este ano o Boca Juniors foi campeão e pôde "apenas" jogar a Sul-Americana). Uma das marcas deste torneio é de que todos os jogos aconteceram pelo interior da Argentina, não nas sedes usuais dos clubes, como queria Cristina Kirchner. Mas o fato de Julio Grondona ter "encaixado" seu campeão nas competições sul-americanas mostra também sua grande influência junto à CONMEBOL.

Outra grande tacada de Grondona foi conseguir uma vaga exclusiva para a Argentina na Libertadores a partir da Sul-Americana. Ou seja, não é apenas o campeão da Sul-Americana que vai à Libertadores do ano seguinte, mas também o melhor time argentino na competição. E é aí que entra o Tigre, pois ele está classificado à Libertadores 2013 exclusivamente por causa deste arremedo construído pela presidente de sua federação, interessado de que mais clubes pequenos "ascendam" rumo a posições melhores no cenário sul-americano.



E então, como fica a CONMEBOL em relação a uma possível decisão de punir o Tigre? Será que eles confrontariam Julio Grondona, que parece mais sólido no poder que um "padrino" e que já declarou apoio ao Tigre, mesmo com todas as evidências em contrário a respeito do que sustentam como verdade? A AFA blefa dizendo que não quer se envolver nas decisões da CONMEBOL, exatamente para "não alimentar atritos". Mas como serão os acordos que estão sendo costurados "por baixo do pano", comportamento este tão característico das nossas democracias sul-americanas? Por isso e mais um pouco, não podemos dizer que se fará justiça neste caso, pois afinal este não é o único contexto em que Justiça e Política se confundem, pois mesmo que todo ato de justiça seja político, pois afinal se toma partido por um ou outro lado, às vezes o bom senso acaba não prevalecendo.

domingo, 21 de março de 2010

HOJE ALGO PRECISA SER DITO - SOBRE FUTEBOL NOVAMENTE

Hoje algo precisa ser dito. E por mais pessoal que pareça, quero com isso discutir uma situação mais geral, que parece corroer nossa sociedade de uma forma que todos parecem ver e sentir, mas como de costume faz com que todos pareçam se acomodar e adaptar a tais coisas sem dar ao menos a chance de se pensar se é certo ou errado que se continue assim. Falo aqui do comportamento padrão do torcedor de futebol no Brasil, em São Paulo especificamente.


Sendo torcedor do São Paulo F.C., e acompanhando o futebol desde a tenra infância, comecei a usar as novas tecnologias para me associar e aproximar de torcedores do mesmo time, algo simples nos dias de hoje com as redes sociais pela internet. Contudo, me intrigou profundamente nessa rede a partir da metade do ano de 2008 um absoluto radicalismo de opiniões a respeito do então técnico do time, Muricy Ramalho. Eram opiniões por demais contundentes e até mesmo agressivas, ditas num momento completamente ilógico, pois o time estava em ascensão no ano, saindo de uma condição em que tinha 1% de chance de conquistar (mais um!) título do Brasileiro para uma liderança então iminente.

Mas tudo que era dito ali contrariava qualquer bom senso, e por mais que se argumentasse ninguém com opinião diversa era ouvido. Pensei que isso era um sintoma restrito aos abonados e desocupados internautas que se dedicavam a se expressar em tal comunidade, visto que eram mesmo representantes das classes econômicas mais altas do país. Foi quando começaram a surgir manifestações de pessoas de classes mais baixas, notadamente ligados a torcidas organizadas e que escreviam de maneira quase tão incompreensível do que quando falam.

A partir daí, visto que o comportamento geral ali era de histeria e ignorância por todo lado, senti que aquelas opiniões não podiam ser associadas a mim. Portanto, pensei por bem me desfiliar de tal comunidade para que pudessem dizer o que quisessem sem que eu tivesse a preocupação de que estaria sendo conivente com aquilo ou que pudessem tomar tudo ali como minha opinião, pois a partir do momento em que compactuo com isso me mantendo entre eles, eu seria no mínimo cúmplice do que era dito.

Não quero com isso dizer que eu era melhor que eles, como se estabelecesse uma barreira, mesmo sabendo que inconscientemente estabelecemos uma divisão entre todos nós. Só damos a ela maior ou menor importância conforme nossa sociabilidade e educação para a tolerância mútua, até porque essas divisões também existem na sociedade de forma mais ou menos explícita. Essa separação entre “eles” e “nós” é, por exemplo, cada vez mais evidente nos estádios.

No caso particular do Morumbi, estádio do São Paulo F.C., há o setor laranja, onde ficam as organizadas, e o azul, onde ficam os “sócio-torcedores”. Os próprios torcedores e até a imprensa lembram de tempos em tempos o quanto ambos divergem de opinião, de que um lado seria mais moderado e outro mais radical, etc, como que querendo embasar a flagrante diferença social entre eles. Em muitas ocasiões, chegou-se inclusive à troca de ofensas mútuas durante o jogo entre espectadores dos dois setores.

Há um caso recente no clube que pareceu reacender essa divisão, a discussão sobre a suposição de que o volante do time Richarlyson seria homossexual e o quanto isso atrapalharia desde o desempenho do time até a auto-estima dos torcedores, frequentemente associados a símbolos que (principalmente na nossa cultura) são alusivos a tal comportamento. Por muito tempo, as posturas adotadas por ambos os lados pareciam estanques e definidas: de um lado, os organizados se colocavam explicitamente contra sua presença no time, enquanto no setor azul os torcedores diziam que isso era um “absurdo” que depunha contra o clube, que apoiavam seu futebol, etc.

Hoje, essa divisão não existe mais. Os que o defendiam da boca pra fora, bradam xingamentos de canto de boca a cada erro de execução da parte do jogador. Os que o atacavam tentam, mesmo que timidamente, aceitá-lo como parte do time, entoando seu nome entre os demais, mas também mantendo inerte um comportamento agressivo a respeito dele que a qualquer momento está pronto a explodir em violência não apenas sobre ele, mas sobre todos os que “pertenceriam” á mesma turma.

Não sei o quanto um estádio potencializa esse tipo de comportamento mais impulsivo da parte de pessoas que, teoricamente, poderiam ser consideradas “bem educadas”, assim como há teorias a respeito de como o trânsito pesado do dia-a-dia modifica o caráter dos condutores. Talvez seja a questão do estar em grupo, fazer parte de uma massa de pessoas e assim sentir-se mais poderoso e propenso a ir além dos limites que o cotidiano impõe, pois todo comportamento “condenável” no dia-a-dia pode ser tolerado e até exaltado nesse ambiente. Ou seja, o estádio e seu entorno seriam lugares que permitem tudo, e em nome da “honra” do time, poderia-se estender tal comportamento para além desse ambiente, daí os confrontos que hoje ocorrem numa distância cada vez maior dos estádios.

Essa pode ser uma linha a se seguir, visto que também por muito tempo pensou-se que a internet, e as redes sociais nela inseridas, também eram lugares desregulados, onde valia tudo, onde também se pensava que as regras sociais cotidianas poderiam ser transgredidas sem pudor e sem dor na consciência, daí a exposição tão explícita de pedófilos e comportamentos sexuais de todo tipo. Uma situação cotidiana vista recentemente vai de encontro a esse dado, a partir de uma conversa banal num shopping de São Paulo, onde um rapaz com camisa do Corinthians conversava com um trabalhador do local a respeito das “façanhas” do time, do seu espírito “guerreiro”, de como no jogo seguinte iria “arrebentar” novamente o referido adversário, etc.

Mas o que mais chamou a atenção foi quando o rapaz disse que passou por uma situação de “risco” por ali, exultando por ter passado no meio de um “bando” de pessoas com camisas do São Paulo F.C. como se tivesse cruzado linhas inimigas, e que estranhou o fato porque “nem era dia de jogo” pra que eles estivessem ali “vestidos desse jeito”, para depois também bradar que “nós tem (sic) uma estação pra nóis (sic!!) e eles não” e que “lá em Itaquera eles não iam estar (sic!!!) desse jeito”. Essa sua expressão, infelizmente, é padrão para muita gente. Essa idéia de que estamos em meio a uma “guerra” declarada, que é aberta em dias de jogo seja lá onde for, é lugar-comum hoje e algo sentido até por quem não está diretamente envolvido nas “batalhas” por “marcação de territórios” imaginários.

É quase como se vivessem num mundo paralelo, num gigante RPG que não tem fim em si mesmo, apenas segue em direção a um nada do qual não querem nem saber de questionar ou sair, como se as coisas fossem definitivamente dessa maneira e ponto. E isso acaba sendo potencializado por uma mídia também cada vez mais ignorante e inconsequente, desde o comercial que mostra como trabalhadores “comuns” se vêem transformados em “guerreiros” na simples junção dos elementos futebol-cerveja até as manchetes ufanistas e exultantes dos diários, visto que muita gente nos dias de hoje lê apenas tal manchete no caminho para o trabalho, tomando aquilo como sua tradução da realidade. Há de se ter uma responsabilidade maior sobre o que se expressa, não como uma forma de censura ao que é feito, mas para se trabalhar a sociedade de uma forma mais construtiva que destrutiva, pois como já foi dito muitas vezes uma parte do todo é tomada como verdade absoluta e levada adiante sem que haja discernimento da parte do receptor. É preciso que ele veja que toda questão apresenta múltiplos pontos de vista e que sua verdade pode não ser a verdade do outro.

Posso dizer, por exemplo, que li 3 opiniões diversas a respeito de um jogo visto recentemente que divergem da visão que eu tive da partida, ao mesmo tempo que alguns aspectos do ponto de vista deles convergem com os meus. Isso é de certa forma um reconhecimento da minha parte ao fato de que vivemos em sociedade, e de que ela tem seus próprios meios para que eu mostre meu contentamento ou descontentamento com ela. A partir do momento em que pareço viver sem considerar isso, a chance de cair nesse “mundo paralelo” em que parecem viver muitos torcedores é grande. Mas a ignorância não pode e não deve imperar na nossa sociedade, nem no futebol nem em parte alguma. Resta saber quais os comportamentos que todos nós iremos adotar para que cheguemos a esse objetivo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

UM POUCO ALÉM DO ESPORTE BRETÃO – DE CORNETAS E INTERESSEIROS

Há quem pense ter uma influência maior do que revela a realidade, ou que na verdade apenas quer manter aparências para quem ainda crê nelas. Em um mundo de comunicação veloz onde as notícias são espalhadas pelas dezenas de veículos de várias mídias muitas vezes como ecos de um grito num precipício, apenas como repetição, quem emite uma opinião qualquer acaba caindo numa faca de dois gumes: ou mostra personalidade frente à opinião pública; ou deixa entrever algum interesse escuso.

Um ótimo exemplo disso se deu no último domingo, com a partida Corinthians x Palmeiras no Pacaembu, em São Paulo. Quem acompanhou a partida pela rádio Jovem Pan, rede nacional líder entre as AMs, teve a impressão de um tom mais áspero na transmissão da partida. Muitas opiniões, proferidas principalmente pelo jornalista Flávio Prado, mostravam um clima de confronto e disputa diferentes do que se via em campo. Vejamos algumas dessas opiniões:

“Nunca vi tão pouca gente num clássico desse porte.”

Primeiro exemplo de mal jornalismo aqui: isso é dito a partir de um ponto de vista individual que sequer dá oportunidade para outros de se certificarem do que ele está dizendo. Esse poderia ser considerado um vício comum a alguém como ele que trabalha tanto em TV como em rádio, pois são muitos os que ainda acreditam na máxima de que "uma imagem vale mais do que mil palavras". Mas o pior é que nenhuma informação é dada sobre o fato, ou seja, devemos literalmente confiar "cegamente" no que ele está nos dizendo. Mas o argumento acaba sendo facilmente derrubado quando confrontado com um dado para ele irrelevante: o número declarado de pagantes foi de mais de 28 mil, sendo que no último jogo entre eles (que nem foi em São Paulo) o público foi de apenas 18 mil.

“A TV rouba gente do estádio”

Essa afirmação está possivelmente embasada no fato de que a partida estava tendo transmissão da TV para a própria cidade onde era realizada, e de que este canal de TV (preciso dizer qual é?) é o que detém a liderança hegemônica da mídia deste país. É um argumento válido, mas foi dito como se fosse um fato inédito, o que logicamente não é. Além disso está baseada no fato de que devemos ter acreditado no que ele disse antes, sendo que sua visão já era totalmente parcial e equivocada. Isso mostra que a "inverdade" inicial acaba desqualificando qualquer "boa intenção" do discurso.

“Olha lá, o repórter da TV tá (sic) depois da linha, porque o nosso tem que ficar atrás?”

Aqui, além da repetição do erro de querer que a gente veja o que não podemos ver, cabe um esclarecimento a respeito do porquê de tal questionamento: a Jovem Pan iniciou uma campanha contra uma medida da Federação Paulista de Futebol de não permitir repórteres em campo, algo que para eles beneficia ao tal "canal que detém a liderança hegemônica da mídia". Apesar de tal medida ser estendida a todos os profissionais, a rádio tomou as dores para si e toda e qualquer opinião dela acaba sendo feita para fortalecer essa idéia. Portanto, infelizmente nem mesmo podemos garantir que o tal "repórter da TV" estava realmente infringindo a regra se não confiamos ("cegamente", lembrando) que tudo que foi dito até então era verdadeiro.

Há um certo desconforto quando se percebe que aquilo que se vê e ouve é feito para embasar uma determinada tese de um veículo de mídia, não para esclarecer um fato. Além disso, essa é uma briga de cachorro grande, pois se o canal de TV é acusado de homogeneizar o pensamento nacional mostrando para todo o país um "mundo ideal á parte" no Rio e em São Paulo através de suas novelas, a rádio Jovem Pan não faz diferente ao montar em sua rádio FM uma rede com o pior do pop mundial, onde se ouve a mesma porcaria do Black Eyed Peas de Norte a Sul, sem espaço para qualquer expressão local. Ou seja, é o roto falando do esfarrapado.

Outra possível razão para esse confronto é a própria perda de espaço do rádio nas grandes cidades, pois assim como os torcedores acompanham as partidas através dos celulares com TV em um número sempre crescente, eles estão cada vez mais cansados das narrações radialísticas que falam mais dos patrocinadores que do próprio jogo (saudades de Osmar Santos e Fiori Giglioti.. :( )

Além disso esta campanha talvez sirva para se pensar numa possível crise da mídia nacional, onde cresce a sensação de que não há mais "pensamento único", e que há cada vez menos inocentes "cordeirinhos" para seguir os muitos "pastores" (ou simplificando, cada vez menos índios pra muito cacique). O Jornal Nacional não repercute mais como antes, assim como o rádio também perde espaço para mídias mais plurais e ágeis como a internet. Aliás, digo que se o próprio rádio não tivesse migrado suas transmissões para a rede, de maneira autorizada e legal, já estaria hoje num processo de falência mais forte que o das gravadoras.

Assim, os outrora “gigantes” da mídia brasileira, que a bem da verdade continuam ainda sendo os maiores, tem que mostrar cada vez mais serviço para não perderem seus públicos para veículos que mostram um “outro lado” daquilo que se está falando.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS - MÚSICA


Apesar do parâmetro ter mudado, pois cada vez menos se pensa no “lançamento físico” de um álbum, mas sim em quando foi seu “vazamento” na net, falaremos aqui de discos que estão nos dois formatos, inclusive ressaltando quando um determinado álbum está disponível apenas na internet ou também em CD. Começamos então falando destes lançamentos:
Þ          GIRLS – Album – Nada como começar com um disco de nome “emblemático” e tão “hypado” pela mídia “especializada”. Celebrou-se nesta obra um alegado retorno à atmosfera despretensiosa e experimental da música da Califórnia nos anos 60, que culminou em bandas como os Beach Boys, além do “grande alcance vocal de seu líder”, o "errante" Christopher Owens, e da “melancolia implícita” dentro de canções aparentemente escrachadas. Mas nada, absolutamente nada neste disco é digno de nota ou de qualquer comentário mais substancial. Sua voz é absolutamente irritante, sua “sofrida história de vida” não acrescenta nada à música que tenha criado, além de que o decalque de bandas daquele período é tão descarado que dá sono. Melhor esquecer que isso existe, assim poderemos ser mais felizes e menos bobo-alegres. Nota 2. Disponível em CD e download.

Þ          VAMPIRE WEEKEND – Contra – Com um nome enigmático (seria o “do contra” do português, ou o “contralto” da música erudita?), o aguardado segundo álbum da banda de New York vem numa toada um pouco diferente da estréia. A percussão perdeu um pouco do espaço para os violinos e o clima geral é de maior leveza. Talvez foi a maneira encontrada para diminuir a pressão por um disco sucedido, e isso eles conseguiram. Mesmo que não tenha atingido os níveis de energia do disco anterior, muitas músicas são absolutamente memoráveis e gostosas de ouvir. Destaque para “Horchata”, “Run” e os “quase hits” “Holiday” e “Cousins”. Nota 7,5. Disponível em CD e download.

Þ          THEE SILVER MT. ZION MEMORIAL ORCHESTRA – Kollaps Tradixionales – Esse grupo remanescente do já lendário Godspeed You Black Emperor, oriundo de Montreal (Canadá), tenta retrabalhar suas idéias (musicais e sociais) estabelecidas de forma a se tornar cada vez mais urgente e até agressivo, mas sem perder o gosto pelo blues e pelo sublime. A longa introdução “There is Light” não diz exatamente a quê o disco veio, mas o lado mais agressivo e experimental aparece logo depois em “Built Myself a Metal Bird” e em sua seqüência, de uma forma até inédita na trajetória da banda, provavelmente fruto da dissolução do coral que o acompanhava e que de certa forma direcionava a energia de todos para composições mais leves e etéreas. Mas o lado sublime vem à tona de forma magistral a partir das suítes que dão nome ao disco e especialmente na última faixa, “´Piphany Rambler”, forte e emocionante na medida certa. Grande disco de verdadeiros heróis da resistência underground. Nota 8. Disponível em download.

DISCOS AO VIVO:

As gravadoras começam a perceber que um dos possíveis problemas para a cada vez maior queda na venda de CDs possa ser a insipidez da safra atual de artistas do pop/rock, feita de gente que não vai além do segundo álbum. Assim, lançam gravações de artistas estabelecidos e respeitados para tentar salvar a própria lavoura, e acabam também por revelar o porquê deles serem o que são, pelo carisma, talento e perenidade de sua obra.

Þ          Começamos falando do NIRVANA, gravado no Festival de Reading em 1992, quando a banda estava no seu auge. O artigo de José Flávio Júnior na edição de janeiro da revista Bravo! resume tudo o que se podia dizer do show (irônico, como a já clássica imagem de Kurt acima, entrando no palco; enérgico, poderoso, etc), mas faltou dizer que esse era o retorno ao festival inglês depois de 2 anos, pois foi a aparição deles ali em meados de 1990 que fez com que se despertasse maior atenção para o que eles poderiam fazer (aquele foi inclusive o primeiro show onde tocaram “Smells Like Teen Spirit”, do vindouro álbum “Nevermind”). Som alto, no talo, com música que parece não acabar mais.

Þ          Outro álbum assim é o do R.E.M., gravado em Dublin em 2008, em que se alardeia na capa o fato do álbum conter 39 canções da longeva banda. Tem de tudo, desde o primeiro álbum até o então último, para o qual estavam em turnê. O álbum não capta tão bem a atmosfera do público, mas a banda está vigorosa, tanto que há poucas baladas no repertório. Vale mais pelo registro oficial, mesmo que já houvessem outras tantas gravações de shows memoráveis deles espalhadas por aí.

P.S. Quem você acha que o Peter Buck queria "impiechar"? Vale qualquer resposta!! A melhor delas ganha uma prenda.

Þ          Um artista para o qual não há prejuízo de se ouvir mais e mais é seguramente LEONARD COHEN, aqui revivido através de sua performance desconcertante no festival de Isle of Wight, Inglaterra, em 1970. Nota-se o quanto estava apreensivo e incomodado com o clima de latente violência por parte do público de 600 mil (!!!!!) pessoas. Isle of Wight deveria ser um equivalente inglês a Woodstock, mas os jovens ingleses nunca se entregaram totalmente à filosofia hippie, sempre demonstrando um pendor por um comportamento mais agressivo (que poderia explicar porquê Iggy Pop e o “punk” em geral explodiram em sucesso primeiro por lá) e também fazendo do festival uma salada de várias tendências políticas de esquerda, quase como um Fórum Social Mundial, mas com todo mundo á flor da pele. Mas com o poder de sua música e o respeito a ela por parte do público todo o ambiente acabou sendo pacificado de forma memorável. O áudio tem qualidade de bootleg, mas isso é o de menos. Ouça cada minuto com deleite, tanto do CD quando do DVD que o acompanha, com algumas das performances do concerto entremeadas com entrevistas da época.

MELHOR FILME DE 2009 – O VENCEDOR


Aqui houve polêmica: o público escolheu ABRAÇOS PARTIDOS, belo filme de Pedro Almodóvar, mas a crítica daqui escolheu outro.

Assim, o melhor de todos é.......




ENTRE OS MUROS DA ESCOLA – Dir: Laurent Cantet (FRANÇA) – Um filme que se propõe a ser não apenas “reprodução da realidade”, mas experimentação das várias possibilidades abertas pelo ser humano dentro de uma de suas instituições universalmente consagradas. Por mais que os envolvidos sejam os mesmos da obra original publicada em livro, com o professor-escritor liderando uma sala de aula multi-étnica na periferia de Paris, uma experiência nunca é igual á outra, não importa o número de repetições. Assim como cada opinião emitida pelo filme e através dele não vai ser de forma alguma igual á anterior. Essas opiniões devem apenas achar um meio de convergirem num bem comum a todos á sua volta. Sempre haverá aqueles que pensam ter encontrado essa resposta; outros não, como o próprio professor, mas continuarão buscando-a, enquanto outros desistem, ás vezes porque são forçados a tal. E assim o final mostra-se como uma oportunidade para um recomeço, mesmo que incerto.

MELHOR ÁLBUM DO ANO 2009 - O VENCEDOR

Depois de algum tempo, público e crítica deste blog concordaram, e o melhor álbum do ano passado foi:





ANTONY & THE JOHNSONS – The Crying Light  - Este peculiar artista anglo-americano lançou um álbum muito mais subjetivo e impessoal que seus dois últimos. Muita gente coçou a cabeça pra entender suas intenções (como assim ele fala de família, medos, doença, morte, natureza?), mas ainda assim a densidade das canções e a força de sua interpretação deste mundo tão sombrio e instigante perduraram de forma mais incisiva do que as críticas e garantiram a este artista e seu grupo um posto no panteão dos mais importantes da atualidade. Destaques para “Aeon”, “Epilepsy is Dancing” e “Kiss my Name”.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

MELHORES (E PIORES) FILMES DE 2009


Pensou que não ia haver lista de melhores filmes? Pois aqui está! A apresentação segue a mesma lógica dos melhores discos, separados em “categorias” dignas de um Oscar (ou, mais “modestamente”, de um César...). Os escolhidos são:

MELHOR ADAPTAÇÃO LITERÁRIA




GOMORRA – Dir: Matteo Garrone (ITALIA) – Aqui, o mérito está não apenas em apresentar decentemente a obra de Roberto Saviano, escritor agora cerceado pelas ameaças. Mas também nos recortes dados na estória original que ajudaram a iluminar ainda mais o círculo vicioso comandado pela Camorra napolitana, colocando isso de forma não conclusiva, pois ainda que as ações anti-máfia tenham resultado será difícil tirar destas pessoas a mentalidade de que é melhor tirar vantagem sobre o próximo do que trabalhar junto a ele (vide as impactantes estórias do alfaiate e do rapaz que é levado a se envolver com negócios escusos). Um grande filme, que merecia ter mais atenção do que teve.

MELHOR FILME “BASEADO EM FATOS REAIS




KATYN – Dir: Andrez Wajda (POLÔNIA) – Este é mais um filme de guerra, mas ligeiramente diferente da média. Primeiro, por focar algumas visões mais pessoais sobre a “resistência” polonesa à ocupação alemã, onde se brigava mais no campo das idéias do que no campo de batalha. Segundo, por mostrar a expectativa dos prisioneiros de guerra de que a verdade sobre a condição deles seria revelada e passada adiante. De todos os lados, Wadja quis mostrar os poloneses como vítimas, mas nunca passivos de sua situação.

MELHOR FILME NACIONAL




TERRA VERMELHA – Dir: Marco Bechis (ITALIA-BRASIL) Num ano em que as produções brasileiras de ficção foram em geral problemáticas ou muito fracas, o filme que melhor aborda o país e que traz em si uma estória mais verossímil foi realizado por um italiano (a bem da verdade, este diretor é na verdade um “cidadão do mundo”, tendo já morado inclusive em São Paulo). Mostrando conflitos entre uma tribo de uma reserva de Dourados (MS) com um fazendeiro local de uma forma imparcial e ainda assim afirmando sua posição em relação á degradação da região, este filme dá a nós, seres urbanóides, uma boa idéia do que ocorre no Brasil profundo e distante cujo cotidiano parecemos ignorar.

MELHOR DOCUMENTÁRIO




VALSA COM BASHIR – Dir: Ari Folman (ISRAEL) – Um filme pessoal e instigante, que ultrapassa várias barreiras metalinguísticas auto-impostas a muitos realizadores. Ele talvez não tivesse muito a dizer a respeito do assunto central de seu projeto no início dele, mas foi exatamente a busca por respostas que o instigou a ir adiante. Com isso, sem ser um filme de guerra, nem puramente (psic)analítico, através do universo “lúdico” e distanciado da animação o diretor nos prepara para o baque final, quando o subconsciente se torna consciente e tudo se encaixa. Mesmo que essa revelação não seja muito agradável a respeito da natureza humana.

MELHOR FILME DA MOSTRA INTERNACIONAL DE SÃO PAULO




35 DOSES DE RUM – Dir: Claire Daines (FRANÇA) – É um prazer assistir um filme assim, com uma estória dramática, mas não melancólica; pungente, mas não pesada; e por fim por suas conclusões otimistas, mas realistas, a respeito da vida. Um pai e uma filha que se vêem de uma hora pra outra de luto, sozinhos no mundo, tendo de tocar a vida e encarar as pessoas com a mesma força e ainda esperando que algo ou alguém os faça mudar de rota. Nestas horas não vale mesmo a pena se isolar, é a grande idéia deste filme, que também merece ser mais visto se assim o circuito nacional permitir.

E como não podia deixar de ser também abrimos espaço para o nosso “troféu Framboesa de Ouro” particular!!! A seguir, os piores do ano no geral e em suas categorias:

PIOR FILME DA MOSTRA INTERNACIONAL DE SÃO PAULO




SELVAGENS – Dir: Lawrence Gough (INGLATERRA) – A Mostra de SP é pródiga em apresentar filmes que na verdade deixam a sensação de uma enorme perda de tempo, por ser feita também de apostas (leia-se “tiros no escuro”) da curadoria, que nem sempre são certeiras. Este filme, por mais que tenha a chancela da BBC (que financiou grande parte do projeto), é uma salada mista de filmes de terror ao estilo “Jogos Mortais” com uma crítica asséptica e forçada à política belicista do governo britânico frente à “ameaça” terrorista, lidando também com o medo da população de um subúrbio de forma batida e ignorando a inteligência do espectador. O pior filme visto pelo blog nesta Mostra, por mais que haja a lenda de que sempre há filmes ainda piores por aí....

PIOR FILME DO ANO




LULA, O FILHO DO BRASIL – Dir: Fábio Barreto (BRASIL) – Apesar do filme ter estreado no início de 2010, ele é uma obra de 2009 e ponto final. E por mais que houvesse boas intenções, como sabidamente diz o povo “de boa intenção, o inferno já está cheio”. Além disso, este filme carrega muitos dos vícios das fases pré e pós-retomada da produção cinematográfica brasileira, desde gritarias inúteis a longos períodos sem fala não como recurso dramático, mas por falta de roteiro mesmo. Ao menos o filme não tem muita violência explícita nem palavrão, daí o “índice de clichê” seria ainda mais alto, e assistir o mesmo me fez ter uma enorme vontade de assistir “ABC da Greve”, de Leon Hirszman, um dos filmes que o diretor utilizou para dar estofo ao que não tinha substância, ou seja seu próprio filme.

MELHORES FILMES DE 2009 – OS INDICADOS

Aqui no SINTEXTICO também inflacionamos os indicados a MELHOR FILME DO ANO, assim como o Oscar fez neste ano. Pelo menos na nossa eleição os indicados não serão 10, mas 8 (talvez seja um número mais cabalístico, acho que vou consultar minha numeróloga a respeito...).
Os indicados são:

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (EUA) (EU GOSTEI SIM E DAÍ??????)


Entre os indicados, há um documentário (“Bashir”) e uma “nova versão” (“redux”) de um filme da década de 90 (“Cinzas”), mas o que importa é que são bons. Além disso, há 3 filmes completamente ficcionais e fantasiosos, saídos das mentes deveras doentias de seus diretores (nem tanto no caso do Almodóvar, coitado) e 3 adaptações literárias (“Gomorra”, “Entre os Muros” e “Button”). A adaptação americana foi a única que não pegou quase nada da obra original, mas mesmo que suas conclusões sejam controversas a muitos, e que comparações com "Forrest Gump" são inevitáveis, este blog aprova o filme.
E quem não gostou de algum destes, reavalie seus conceitos vendo as cenas selecionadas e ligadas a este blog pelos links sobre os nomes dos filmes.
Assim sendo, a enquete já está aberta para saber de vocês qual foi O MELHOR DE TODOS!


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SHOW – RUÍDO/MM – SESC POMPÉIA – 12-01-10


Foto: site Scream & Yell


O 1º show do SINTEXTICO neste ano!! É realmente um marco a celebrar. Mas vamos aos finalmentes...
Chegando à choperia quase em cima da hora do show, ás 21 horas, corri para pegar o convite à apresentação do Ruído/mm pelo projeto Prata da Casa, não sem antes comprar ingresso para o “encontro musical” entre Paulinho Moska e o guitarrista argentino Pedro Aznar no próximo fim de semana (detalhes deste show em posts mais adiante).
Entrando no recinto, com um público de aproximadamente 150 pessoas (grande para uma terça á noite, segundo a própria banda), já tocavam sua primeira música, trazendo à tona um som esparso, “climático”, com “sons da natureza” junto a um piano. Embalaram rapidamente à segunda, em que buscavam claramente um estilo próprio muito próximo à banda estadunidense Explosions in the Sky – um som enérgico, mas também melodioso - ainda que de forma titubeante, com uma marcação excessivamente contada.
Quando eles conseguiram conjugar esse estilo ás características próprias da banda – de uma música mais ritmada ainda que leve, sem grandes repetições harmônicas – as canções soam completas e melhor acabadas, como em “Sanfona” (a melhor do show) e na canção “em homenagem ao amigo João Ricardo, vulgo João 23”. Algo além pôde ser visto nas improvisações jazzísticas ao final de algumas canções e na interessante troca das 2 guitarras e do baixo pelos integrantes.
No final, fica a impressão que a banda está no caminho certo para sua afirmação sonora, ainda que não tenha chegado lá. Nota 6,5


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MELHORES ÁLBUNS DE 2009 – OS INDICADOS

Foram escolhidos os cinco discos que vão entrar na enquete definitiva dos MELHORES DO ANO de 2009. São eles:

THE XX – xx
MAGNOLIA ELECTRIC CO. – Josephine
BAT FOR LASHES – Two Suns
ANTONY & THE JOHNSONS - The Crying Light
JÓNSI & ALEX - Riceboy Sleeps


Dois deles não foram escolhidos como “melhores” em nenhuma categoria, e um dos artistas teve apenas outra obra destacada anteriormente, mas é bom não desprezar nenhum dos concorrentes.


Por via das dúvidas estes álbuns, assim como os outros, terão links para download destacados no blog e podem ser baixados clicando sobre seus nomes.


A partir daqui, a enquete estará aberta para sabermos quais destes vocês acham o melhor do ano que se foi.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ROUBO DE INGRESSOS ESCANCARA CRISE DOS CAMBISTAS

Antes de entrarmos no mérito do MELHOR DISCO DO ANO, vamos falar de outro assunto...


Uma notícia recente causou espanto a quem acompanha o mercado musical brasileiro. No início de dezembro, ladrões armados pararam um carro-forte para roubar lotes de ingressos de grandes shows internacionais que se realizarão no Brasil no início deste ano de 2010, sendo eles os shows das bandas Metallica, Coldplay e Cranberries, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os lotes estavam sendo levados para a sede da Ticketmaster, empresa revendedora dos ingressos, onde seriam colocados á venda via internet. Num gesto rápido, a empresa cancelou os lotes de ingressos para evitar que caíssem na mão de cambistas. Se você já tem ingresso para um destes shows, saiba aqui se seu ingresso foi invalidado para o concerto.

Esse gesto mostra a que ponto o controle das revendedoras sobre os ingressos impressos está mais forte fazendo com que a indústria que alimenta os cambistas, claramente de origem criminosa, entre em desespero pois até recentemente não era preciso uma ação tão arriscada e contundente para fazer com que os ingressos chegassem às mãos deles. Bastava apenas organizar bandos que iam às bilheterias para pegar lotes inteiros através de acordos pagos geralmente aos revendedores ou bilheteiros. Assim, com acesso fácil e os ingressos se esgotando rapidamente, alimentam ainda mais a vontade dos fãs, que não desejam perder determinado show fazendo com que recorram.... aos cambistas, lógico.


O blog SINTEXTICO já caiu nessa arapuca uma vez, depois que foi anunciado que os quase 900 lugares do Auditório Ibirapuera para os shows de Cat Power e Antony & The Johnsons em outubro de 2007 se esgotaram em menos de 3 horas. Após algum tempo sem perspectiva de obter ingressos, entrou-se em contato com um telefone de cambista distribuído pela internet. A facilidade do “serviço”, que contrata até motoboy pra levar o ingresso à sua porta, seduz muita gente que acaba se fidelizando a esses vendedores mesmo pagando ágios que variam de 100 a 200% (o ingresso de R$ 80 custava R$ 250, e o de R$ 120 passou a R$ 350).


Chegado o momento do show, percebeu-se que essa correria foi inútil pois muitos estavam revendendo quase a preço de custo ingressos que não poderiam ser aproveitados por pessoas ausentes do local. Daí entra o segundo elemento que parece estar minando os cambistas: os desistentes de última hora. Algo já comum na Europa e que claramente cresce no Brasil é o hábito de buscar na internet ou na porta dos locais dos shows pessoas que possam vender ou comprar ingressos desses desistentes.


Vendidos por amigos ou conhecidos, fazem isso para que o prejuízo pela ausência seja o menor possível. Este blog também se utilizou dessa tática uma vez, antes do show da banda Beirut no Via Funchal em São Paulo em setembro de 2009, conseguindo comprar o ingresso por um preço ainda menor que o valor de face do ingresso. Ainda assim, vale lembrar que mesmo na Europa ainda existem cambistas “profissionais”, portanto isso é algo que não acaba da noite para o dia.

Sendo assim, será que é melhor comprar ingressos que já estão nas mãos dos cambistas, mesmo sabendo do que estaria por trás dessa comodidade, ou então esperar até o momento certo de demonstrar o quanto se quer ver determinado show e assim conseguir um ingresso? A mesa está aberta às manifestações...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MELHORES DISCOS DE 2009 - PARTE 1 1/2

Hoje começamos uma série em que serão apresentados os melhores álbuns de 2009. Eles foram separados em categorias até que no final seja revelado o MELHOR DISCO DE 2009. Essa lista foi feita a partir de discos os quais posso destacar sem medo e sem ordem de preferência, exceto quanto ao “escolhido” em cada categoria. Vamos a ela:




MELHOR EP



AMIINA – Re Minore – Como um quarteto de cordas islandês cria música orgânica de maneira quase rústica, e ainda adiciona elementos novos para sua música, como uma bateria marcante e harmoniosa? Com apenas 3 músicas, que deram um novo rumo à carreira. Simples assim.


Mais: EP Re Minore


Outros destaques: BEIRUT – March of the Zapotec / Realpeople Holland (incursões pelo mariachi e electro, sem mistura); ANTONY & THE JOHNSONS – Another World (mais de sua arte, em músicas compostas no início de carreira)


MELHOR 2º DISCO DE CARREIRA

BAT FOR LASHES – Two Suns – Depois de um primeiro disco em que parecia emular Cat Power e Bjork (não que seja ruim, entendam), a cantora Natasha Khan, britânica filha de paquistaneses, se libertou de suas referências para consolidar seu universo próprio. Isso é que é prova de maturidade. Destaques para “Pearl´s Dream”, “Glass” e “The Siren Song”.




Outros destaques: NOAH &THE WHALE – The First Days of Spring e BARZIN – Notes for an Absent Lover (bonitas representações de um coração partido, um jovem e outro já experimentado); o já citado JACK PEÑATE; CHARLOTTE GAINSBOURG – IRM (En la recherche de la expression perdue)


MELHOR DISCO BRASILEIRO

OTTO – Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos – Não valorizado pela gravadora nacional, arrasado por uma separação, fez de tudo e mais um pouco para reunir seus entes mais próximos para fazer um disco melancolicamente vibrante, de enorme substância. A produção americana ajudou a valorizar os timbres junto à percussão orgânica e no final todos saíram ilesos. E nós ficamos com esse belo legado. Destaques para “6 Minutos”, “Filha” e “Lágrimas Negras”.


Mais: Álbum "Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos"


Outros destaques: OS MUTANTES – Haih ou Amortecedor (bela expressão de pujança criativa, uma visão brasileira do mundo de hoje mesmo com os pés nos anos 60 e uma bela ajuda de Tom Zé); ZÉLIA DUNCAN – Pelo Sabor do Gesto (disco delicado e de veia pop); TIÊ – Sweet Jardim (grata surpresa, de voz singela e expressiva); e MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU – Complete (disco mais polido, mas ainda assim festeiro).




MELHOR “VOLTA POR CIMA” – Aqui estão discos que representam uma virada mais notável na carreira de artistas que estavam obscurecidos por obras menos relevantes ou desaparecidos do cenário.



MAGNOLIA ELECTRIC CO. – Josephine – Esse grupo do estado americano do Idaho estava perdido desde que deixou suas raízes country-folk de lado para aventurar-se em turnês infindáveis regadas a rock de garagem. Foi preciso a morte do baixista para que todos voltassem às raízes e valorizassem aquilo que era mais essencial em sua obra. E assim as coisas voltaram ao seu rumo. Destaque para “Josephine”, “Map of the Falling Sky” e “Shiloh”.


Mais: Álbum "Josephine"

Outros destaques: JASON LYTLE – Yours Truly the Commuter (após o fim do Grandaddy, nada como voltar à velha forma); WILCO – The Album (despretensioso como há muito não se via); os já citados LEONARD COHEN e OS MUTANTES; MOBY – Wait for Me (álbum puramente pessoal) e AIR – Love 2 (leve e faceiro).


Ainda esta semana, a 2a parte do especial MELHORES DISCOS DE 2009. Deixe sua opinião!